“HOMO SAPIENS – o homem que sabe o que não sabe” foi montada, especialmente, para a cidade e tem curadoria do escritor Diógenes Moura.
Há seis anos, o Museu da Fotografia Fortaleza abria suas portas com o objetivo de democratizar o acesso à fotografia, bem como trazê-la para o centro das discussões artísticas. Para celebrar a data, o espaço recebe a exposição “HOMO SAPIENS – o homem que sabe o que não sabe”, com fotos de Daniel Taveira e curadoria de Diógenes Moura. A abertura será neste sábado, dia 11 de março, a partir das 10h. Na programação, palestra com o fotógrafo e o curador, seguida de sessão de autógrafos de Minhocão, novo livro de Diógenes Moura, que estará à venda no local.
“HOMO SAPIENS – o homem que sabe o que não sabe” é uma exposição inédita, pensada, especialmente, para os seis anos do MFF. São cerca de 80 fotografias de Daniel Taveira e seu olhar cuidadoso, que observa em terras estranhas manifestações culturais e cenas cotidianas. “É uma exposição que fala sobre humanidades, sobre crença, sobre rituais, sobre a ausência absoluta, esse oco que existe dentro de nós de encontrar um sentido para nossa existência”, antecipa Diógenes Moura.
A mostra apresenta um fio condutor da existência humana, representada por rituais. Começa pela Etiópia, país mais antigo da África, berço cultural da humanidade e onde tem a primeira identificação Homo Sapiens. Da Índia, Daniel Taveira traz verdades solidificadas em percepções e registros imagéticos, que redefiniram sua crença.
Outro destaque da Exposição são as fotos dos Naga Sadhus, os porta-vozes de Deus, seres com aspectos primitivos, quase sobrenaturais e que são conhecidos pelas penitências extravagantes, como a celebração do próprio funeral. De sua imersão em Israel, o público vai conferir imagens de um país de contrastes. De um lado, a religiosidade quase fanática das muitas crenças, competindo num misto de religião, raça e política, muitas vezes irreconciliáveis entre os muros da antiga cidade de Jerusalém.
Não por acaso, a visitação termina em uma sala dedicada à celebração do Dia dos Mortos, tradição do México para lembrar os entes queridos com muita música. Altares são decorados com flores de calêndula amarelas brilhantes, fotografias dos que se foram, comidas e bebidas favoritas do homenageado.
Daniel Taveira fotografa há cerca de dez anos. Para ele, a curiosidade fotográfica é um dos componentes essenciais para a cura existencial, oscilando entre o grosseiro e o sublime. “A fotografia solidifica a realidade cruel, em outro momento retrata a falsa beleza da própria existência, onde o nosso subconsciente começa a trabalhar de forma apreciativa. Ela também tem o poder de me iludir, assim como me traumatizar, rapidamente me jogando dentro do ensurdecedor silêncio do óbvio”, afirma.
SOBRE DANIEL TAVEIRA
Daniel Taveira nasceu em Tocantinópolis, Tocantins, Brasil. Em 2010, deixou de lado o Mestrado em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, mudou-se para o México, onde conheceu a renomada fotógrafa Nadine Markova e se tornou seu discípulo.
Sob a influência de Markova, desenvolveu um processo fotográfico de captar a singularidade do cotidiano por meio de cores, formas, expressões e, principalmente, emoções.
SOBRE DIÓGENES MOURA
É escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura em 2019, com O Livro dos Monólogos [Recuperação para Ouvir Objetos], publicado pela Vento Leste Editora e em 2022, com Vazão 10.8 – A última Gota de Morfina, seu primeiro romance auto ficcional, da mesma editora e que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Beto Brant.
Diógenes tem uma relação bem próxima com o Museu da Fotografia Fortaleza. Além da mostra comemorativa dos seis anos do espaço, também assina a curadoria das exposições de longa duração, O OLHAR NÃO VÊ. O OLHAR ENXERGA. e NÃO DANIFIQUE OS SINAIS. Foi também o curador de “Estranhamentos – fotografias de Boris Kossoy” e de “Estúdio de Arte Irmãos Vargas encontra Martín Chambi”.
MINHOCÃO
(Editora NOIR – 163 páginas – R$49,90)
Foram sete anos frequentando o Elevado Presidente João Goulart, com uma caderneta, um lápis e um olhar muito atento para cenas e personagens que margeiam o mais famoso viaduto de São Paulo. Minhocão, o novo livro de contos de Diógenes Moura é um retrato devastador e sem rodeios de uma sociedade high tech que teima em se autopropagar moderna, civilizada e bondosa.
São capítulos curtos, secos, vastos, e em situações limites e tragicômicas. Diógenes abusa da arquitetura do elevado de concreto para trazer à luz as vidas recônditas e alquebradas dos que vivem no entorno, dentro e fora dos apartamentos, com vistas para o vazio e o nada da metrópole.
SOBRE O MUSEU DA FOTOGRAFIA FORTALEZA
Inaugurado dia 10 de março de 2017, o MFF mantém dois andares de acervo fixo e um outro que recebe exposições temporárias. Compreendendo sua função social para além do espaço expositivo, mantém os projetos Museu nos Bairros e Museu no Interior, que já visitaram diversas comunidades, levando teoria e prática acerca do mundo da fotografia.
O equipamento realiza ainda uma série de ações para divulgar novos talentos e promover a fotografia, a partir de cursos e visitas guiadas para a terceira idade, e de oficinas e workshops voltados a artistas, estudantes e educadores – resultado de sua proximidade com as Secretarias de Cultura (Secult), de Turismo (Setur) e de Educação do Estado (Seduc), e das Secretarias Municipais da Educação (SME), de Turismo (Setfor) e de Cultura de Fortaleza (Secultfor).
O MFF tem também uma equipe de educativo formada pelos alunos dos cursos de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de Fortaleza (Unifor), Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Artes Visuais do Instituto Federal do Ceará (IFCE), da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Estácio e Escolas Técnicas do Governo do Estado.
OUTRAS EXPOSIÇÕES
Além de “HOMO SAPIENS – o homem que sabe o que não sabe”, quem for ao Museu da Fotografia Fortaleza poderá visitar também as exposições O OLHAR NÃO VÊ. O OLHAR ENXERGA. e NÃO DANIFIQUE OS SINAIS, também de curadoria de Diógenes Moura. As mostras reúnem cerca de 370 imagens que cruzam muitas décadas e períodos da história da fotografia. São experimentos, a forma como olhamos o outro, paisagens, retratos, o corpo, os limites entre cidade, existência e abandono.
O OLHAR NÃO VÊ. O OLHAR ENXERGA., trata de humanidades, começando com retratos em plano fechado, retratos de época, depois passando por retratos em planos abertos, possui uma seleção de imagens de interior e exterior, passa pelo corpo, pela natureza do homem e pela natureza da terra, também por ensaios, arte e religiosidade, até chegar a experimentos mais modernistas, reunindo fotografias brasileiras e estrangeiras.
Em NÃO DANIFIQUE OS SINAIS, poderá ser encontrada uma esfera mais política, mais agonizante socialmente, porque começa com o desastre em Mariana – MG, passa por conflitos do homem pelo homem trazendo, também, imagens de Serra Pelada, ensaios provocantes em relação ao país, desastres ecológicos, imigrantes, chegando à Ditadura e terminando no Cangaço, que precede uma epígrafe poética.
SERVIÇO:
Abertura Exposição HOMO SAPIENS – o homem que sabe o que não sabe
Data: 11 de março de 2023 (Sábado)
Horário: 10h
Local: Museu da Fotografia Fortaleza
Endereço: Rua Frederico Borges, 545 – Varjota
Programação
Palestra com Daniel Taveira e Diógenes Moura: 12h
Sessão de Autógrafos do livro Minhocão: 13h