Ortopedia nas UPAS

Christine Maria Muniz Silva – Presidente da Cooperativa dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Estado do Ceará (Coomtoce)

 

Esbarrar em longas filas de espera para conseguir atendimento de urgência por conta de doenças ortopédicas é a realidade de muitos cearenses que convivem com dores insuportáveis e em muitos casos, debilitando a pessoa a ponto de impedi-la de trabalhar e impactando gravemente a saúde e o sustento do indivíduo.

No Ceará, quando nos referimos às doenças ortopédicas de urgência, como hérnias discais, lesões do manguito rotador, ligamentos cruzados, instabilidades articulares, não possui qualquer local onde o portador da doença possa ser encaminhado, no fluxo da rede de atendimentos públicos cearense.

As urgências traumatológicas são responsáveis por grande parte da demanda e são cobertas, exclusivamente, pelo atendimento das unidades municipais. Em Fortaleza, as fraturas de pequeno e médio porte são realizadas nos hospitais Frotinhas e de grande porte no Instituto Doutor José Frota, que conta com o Hospital Zilda Arns, como apoio para esses traumas mais complexos. Na rede estadual, o atendimento ortopédico é feito nos hospitais Geral de Fortaleza, Albert Sabin e Leonardo da Vinci, bem como nos Hospitais Regionais, entretanto, nem todos contam com cirurgias ortopédicas eletivas, o que tem levado pacientes à filas de espera que podem chegar a até uma década.

Muitos casos poderiam ser resolvidos ou orientados adequadamente com atendimentos ortopédicos primários dentro das UPAS que atualmente não contam com atendimento ortopédico. As UPAS são de fundamental importância como apoio aos hospitais e demonstram que apesar de terem estruturas mais simples, podem ser uma alternativa extremamente eficaz para melhorar o acesso da população em casos urgentes.

A realidade do paciente ortopédico é triste e exige prioridade governamental. Ressalto que estados do nordeste brasileiro, como em Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe já possuem atendimento ortopédico, menos o nosso Ceará. As autoridades  precisam ter um olhar clínico para esta pauta, pois a cada demora leva a um importante agravamento do quadro de saúde, sofrimento para o paciente e sua família e diversas vezes promove significativo aumento dos custos do procedimento para o estado.

Christine Maria Muniz Silva – Presidente da Cooperativa dos Médicos Traumatologistas e Ortopedistas do Estado do Ceará (Coomtoce)

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