A obesidade é considerada pela OMS como o excesso de gordura no corpo numa quantidade que repercute em prejuízo para a saúde. O dia 4 de março marca o Dia Mundial da Obesidade e a data tem como objetivo trazer para o debate as questões que envolvem a enfermidade, assim como compreender de que forma as pessoas se percebem diante do sobrepeso além da necessidade de chamar atenção para as consequências da doença que afeta, mundialmente, a saúde humana.
De acordo com Juliana Linhares Cavalcanti de Alencar (CRP11/03058), psicóloga com 20 anos de atuação e membro do Conselho Regional de Psicologia (CRP11), a obesidade é uma doença metabólica crônica e multifatorial. Ela está relacionada a aspectos físicos, psicológicos, sociais, ambientais, culturais, genéticos, comportamentais do ser humano. O ser humano pode alterar sua relação com a alimentação a partir de diversos fatores do seu cotidiano, e essa relação pode interferir diretamente no desenvolvimento da obesidade. “A abordagem mais comum, no que se refere a obesidade, é a individual, há uma tendência social de responsabilizar o indivíduo sem compreender o impacto dos fatores sociais no ganho de peso. Na clínica é possível escutar com frequência dos pacientes o quanto escutam ‘é só querer, é só fazer um esforço, é só ter vontade’, mas a obesidade é uma questão que envolve muitos fatores, não é falta de vontade”, afirma.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2020 indicam que, mais da metade dos adultos, apresentam excesso de peso, o que representa 96 milhões de pessoas. O número é maior no público feminino (62,6%) do que no masculino (57,5%). Os fatores responsáveis por este aumento de obesidade estão ligados à rotina de trabalho excessiva, má alimentação, falta de tempo para atividades físicas, estresse, uso de medicações, dentre outros fatores, como a depressão e a falta de estímulo em realizar atividades prazerosas.
“É importante salientar que a obesidade apresenta aspectos comportamentais, e estes demandam tempo para que ocorra efetivamente uma mudança que possa contribuir na aquisição de comportamentos mais saudáveis.”, explica Juliana. O trabalho deve ser realizado de maneira conjunta, contínua e com uma equipe multidisciplinar que envolve: psicólogo, nutricionista, educador físico e médico endocrinologista, por exemplo.
De acordo com a psicóloga, “a gordofobia está presente na nossa sociedade e, muitas vezes, as pessoas não percebem o quanto estão massacrando as pessoas que estão com sobrepeso”. “O Dia Mundial da Obesidade pode ser visto como algo que precisa ser discutido tendo em vista que é uma questão de saúde pública e política”, indica. “É preciso compreender que ninguém é obeso porque quer. Requer tempo para enfrentar e ter o autocuidado. A maior orientação é o acolhimento e o incentivo e também a compreensão de que é um processo, e como parte dele as recaídas podem estar presentes”, completa a representante do CRP-11.